Uma 3ª dose a uma 3ª idade diferente (opinião - Paulo Freitas do Amaral)
- correio_da_historia

- 9 de nov. de 2021
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O Estado português já começou a administrar aos utentes mais velhos a 3ª dose da vacina nos lares. No entanto além deste procedimento há que adaptar as exigências das entidades reguladoras a uma nova realidade existente dos utentes nos lares e que consiste no combate aos efeitos da redução de capacidades motoras e cognitivas dos idosos devido à pandemia.
Fruto das restrições que sofreram nos lares que frequentaram durante a pandemia com a proibição de saídas ao exterior, a população idosa passou a estar mais sediada nos quartos, havendo desta forma uma menor mobilidade e uma maior degradação das capacidades individuais dos idosos. Assim sendo, as futuras exigências da Segurança Social em relação às Instituições deveriam ter em atenção aos rácios exigidos por lei pois estas exigências deveriam ser adaptadas e alteradas pelo facto de existirem funções profissionais que seriam mais adequadas ao desenvolvimento motor e cognitivo dos idosos incapacitados e que agora existem em maior número nos lares.
Falo-vos da maior existência de terapeutas ocupacionais, de animadores sócio-culturais,de fisioterapeutas e de psicólogos pois o recrutamento destes para as IPSS's deveria ser alvo dos apoios financeiros da "bazuca" para poderem ter um papel efectivo na evolução física e cognitiva dos mais velhos.
As Instituições sociais e as suas administrações ultrapassaram de forma heróica e única na História, uma pandemia sem precedentes, tendo também de ultrapassar as dificuldades de adaptação ao combate de um vírus, não olhando à difícil situação financeira que tiveram de se meter, e que só agora começam a sair dela.
As Instituições sem qualquer apoio estatal fizeram frente às necessidades de efectuar obras nas suas instalações que providenciassem divisórias físicas entre utentes, de forma a não propagar o vírus. Providenciaram a aquisição de equipamento para centenas de funcionários andarem protegidos. Viram-se proibidas pelo Estado de recolocar utentes nas vagas de outros que iam falecendo ou que optaram para voltar a casa dos seus familiares levando desta forma a que muitas Instituições ficassem com cerca de 1/3 dos lares desocupados ao final de um ano de pandemia e não sendo este mal suficiente para a a sua rentabilidade ainda se depararam com pagamentos de gastos correntes acrescidos; água , luz, etc... pelo facto dos seus utentes estarem dia e noite sempre dentro nos seus quartos.
Seria bom agora que o Estado reflectisse que não é só o SNS que aguentou as dificuldades de uma terrível pandemia. Há um 3 sector social que à margem do Estado deu provas que é o pilar de uma sociedade cada vez mais envelhecida e que conta com provas dadas, não desde o 25 de Abril mas há mais de 500 anos da nossa História.
Um olhar renovado para estas Instituições de Solidariedade Social por parte do Estado é urgente porque elas tratam de pessoas que estão totalmente diferentes depois de um ano de pandemia ... As exigências terão que ser outras... Se o Estado se preocupar com outras coisas além das próximas eleições...Senão teremos de esperar...outros no entanto, não terão tempo para isso...
Paulo Freitas do Amaral
Administrador da Santa Casa da Misericórdia de Guimarães





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