A oração "Angelus", criada pelo discípulo de S. Francisco; Benedetto de Assis
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- 4 de nov.
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Conta a tradição franciscana que, nas primeiras décadas do século XIII, quando São Francisco de Assis ainda caminhava pelas colinas da Úmbria, um dos seus discípulos mais fiéis, o irmão Benedetto de Assis, tinha por hábito interromper o trabalho ao cair da tarde para se voltar para o horizonte e saudar a Virgem Maria. Dizia três vezes a Ave-Maria, recordando o momento em que o Anjo anunciou à jovem de Nazaré que o Verbo se faria carne. A esse simples costume juntou o toque suave de um sino, que chamava também os irmãos e o povo vizinho à oração.
O gesto, humilde e silencioso, nasceu da alma franciscana: contemplar o mistério da Encarnação, ver em cada instante o sinal do amor de Deus que Se fez pobre e próximo. São Francisco via na Anunciação o ponto em que o Céu se inclinou sobre a Terra, e quis que todos recordassem, diariamente, essa visita divina.
Com o tempo, o costume de Benedetto e dos primeiros frades foi-se multiplicando por toda a Itália. Ao entardecer, os sinos das pequenas ermidas franciscanas ressoavam pelas aldeias, convidando à paz e à memória do mistério. A oração passou a ser repetida também de manhã, ao nascer do sol, e ao meio-dia, quando o trabalho parava por instantes. O povo sabia que, onde se ouvisse o sino franciscano, era hora de levantar o coração.
Os frades chamaram a essa oração “o Angelus”, porque começava com as palavras do Evangelho: Angelus Domini nuntiavit Mariae. Em cada repetição, recordava-se a humilde resposta de Maria — Eis a serva do Senhor — e a encarnação do Filho de Deus.
Mais tarde, no século XIV, o Papa João XXII, conhecedor da piedade dos filhos de Francisco, encorajou a prática em toda a cristandade. O Angelus passou a ser recitado em mosteiros, igrejas e praças, ao som de três badaladas.
Três vezes por dia, o toque do sino recordava ao mundo o essencial: que Deus entrou na história, que a humildade é o caminho da graça e que Maria continua a dizer “sim” por cada coração que se abre.
Assim nasceu, no silêncio de um convento franciscano e pela devoção de um simples irmão chamado Benedetto, a oração que, séculos depois, ainda faz ecoar nas aldeias, nos claustros e nas cidades o anúncio do Anjo e o amor que desceu até nós.





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