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Largo Donães - O Pórtico, a calçado e o Sr. Gaspar (Crónica - Paulo Freitas do Amaral)


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Muitos de nós vimaranenses, durante os últimos quatro anos nos intervalos da nossa vida apressada, passámos pelo Largo Donães no Centro Histórico de Guimarães sem perceber muito bem alguns dos objectivos arquitectónicos e culturais daquele magnifico espaço, agora recuperado.


A existência de um pórtico no meio da praça é a primeira interrogação que nos vem à cabeça.


Qual o seu significado?


O pórtico existente era a entrada para os jardins e logradouro da casa da Dama de Donães. Aquele espaço que antigamente era a casa desta aristocrata é agora um espaço público aberto para todos os vimaranenses, tornando Guimarães de todos nós.


Segundo reza a lenda, esta fidalga Dama de Donães, além de possibilitar a iluminação dos ferreiros e dos artífices durante os seus trabalhos de forja, era também dona de uma grande beleza que encantava e inspirava todos os artistas que trabalhavam nas redondezas da sua casa.


Um facto curioso é ainda termos tido até há pouco tempo atrás, o nosso mestre Gaspar, criador de magníficas obras a trabalhar neste Largo, já não inspirado pela Dama de Donães é certo mas provavelmente inspirado pela beleza de todas as vimaranenses!


Esta viela datada do Séc. XIII ligava a rua de Anães à rua do Esterpão, estando a sua simbologia agora representada no pavimento com calçada portuguesa.


A praça que agora rivaliza, no bom sentido, com a praça Santiago e com a praça da Oliveira, teve no Sr. Arquitecto Miguel Melo uma visão perspicaz,de conjugação do passado com a modernidade da cidade. Ficará na História pelo seu elevado sentido estético e arquitectónico.


As funções sociais da “Casa dos Pobres” foram mantidas apesar da demolição do edifício que contrastava com o contexto histórico da zona. Esta manutenção dos serviços sociais demonstrou um elevado sentido de responsabilidade dos intervenientes políticos camarários.


Apesar de ainda existir um caminho longo a percorrer na dinamização do espaço e na recuperação de toda a envolvente, adivinho que este Largo terá no decorrer deste ano uma vida turística ainda mais intensa da que hoje detém.


O desenvolvimento da restauração na praça também está a ganhar de dia para dia mais consistência na sua clientela e penso que no futuro, veremos um Largo Donães com maior diversidade de escolha gastronómica e com maior diversão nocturna após a pandemia.


Esperemos pois o Centro Histórico continue o caminho de reabilitação que tem sido feito, juntando inovação, simbolismo e cultura como foi feito no nosso Largo Donães.


Paulo Freitas da Amaral - Licenciado e Pós-graduado em História

 
 
 

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