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A atual desocupação do centrismo político em Portugal (Opinião-Paulo Freitas do Amaral)


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Diogo Freitas do Amaral e Adelino Amaro da Costa, fundadores do CDS, nas suas viagens a Inglaterra ao canal BBC para exercitação da retórica de comunicação em televisão, trocavam impressões um com outro sobre em que partido votariam se fossem ingleses…

Adelino Amaro da Costa, membro da Opus Dei, sem hesitações, afirmava que votaria sem margem de dúvidas nos conservadores, por sua vez Freitas do Amaral afirmava que se fosse inglês votaria sem reservas nos trabalhistas.

Este episódio da década de 70, narrado nas memórias de Freitas do Amaral e escrito muito antes da sua aproximação ao PS, é a prova que o centro político em Portugal estava ocupado no pós 25 de Abril… algo que nos dias de hoje não acontece por nenhum partido.

O tão conhecido slogan “rigorosamente ao centro” de Freitas do Amaral dá atualmente lugar no CDS ao slogan “A direita certa” enquanto PSD e PS se entretêm a tentar que os eleitorados das suas franjas não fujam, tanto à direita no caso do PSD e CDS com o CHEGA, tanto à esquerda no caso do PS tentando agradar às franjas mais chegadas ao Bloco e ao PCP.

Para simplificarmos esta ideia poderia dizer que o PS tornou-se algo irrespirável para moderados como Sérgio Sousa Pinto e que o CDS tornou-se irrespirável já há muito tempo para militantes que até conseguiram 43 Câmaras municipais e mais de 800 juntas de freguesia para o CDS como foi o caso de Basílio Horta (centrista convicto) conseguindo tal feito como coordenador autárquico no tempo que Freitas do Amaral era líder. Esses terríveis “esquerdalhos” do CDS…

A ideia de que um partido do centro só pode crescer para a sua direita ideológica é errada, no CDS esta ideia de crescimento foi muito sedimentada por Manuel Monteiro e Paulo Portas que quiseram correr para fora do partido com aquilo a que chamavam de “esquerdalha” da altura mas os resultados da sua opção estão à vista…Acreditavam na década de 90 que havia um eleitorado à direita do CDS que poderia fazer crescer o partido…algo com que Freitas do Amaral, Basílio horta entre outros discordavam…mas tanto tempo passado, constata-se que não estiveram à altura de cativar essa direita que na altura não existia e que passou a existir não se preocupando em agradar a uma fação dos 14% conseguidos pelo CDS no pós 25 de Abril precisamente por discordarem pela sua postura que agradava ao centro e centro esquerda…por isso mesmo se o CDS morrer não será certamente culpa do “Chicão” mas de quem queria fazer crescer o CDS para a direita de forma errada mas que no fundo se deixou ultrapassar pelos tempos…só olhando para os lugares de ministro…

Mas não pensem que uma possível coligação PSD-PS no futuro poderá ocupar ideologicamente o centro que vos falo, pois este centro é baseado no doutrina social da Igreja que faz do Papa Francisco nos dias que correm ser considerado por muitos de esquerda… O PSD, um partido sem ideologia definida, coligado com o PS, só se manterá numa lógica de poder, sem ligar a ideologias dando lugar ao crescimento de intrigas entre os dois maiores partidos que desta forma reforçarão as fileiras dos extremos, tanto á direita como à esquerda. Como aliás já aconteceu no passado…

O aumento do peso do Estado atualmente começa a ser preocupante, os partidos precisam de vigorar o seu debate ideológico interno e o centro tem que voltar a ter voz…porque ele existe! Ao contrário do que alguns nos querem desacreditar!…O PS terá que dar voz à “direita do PS” não deixando as intervenções dos seus protagonistas em congresso para altas horas da madrugada e os partidos de direita precisam de dar voz à sua “ala esquerda” de forma a haver respostas sociais aos tempos que aí vêm… só assim poderemos ter a presença e participação dos moderados num mundo que cada vez mais se extrema e de que Portugal não é exceção.


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Paulo Freitas do Amaral

 
 
 

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