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Uma lápide romana em New Orleans: O eco do passado num jardim americano

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Nada parece anunciar a presença de Roma no coração de New Orleans. Uma cidade moldada pelo jazz, pelas cheias e pela nostalgia francesa dificilmente seria palco de um encontro direto com o Império que dominou o Mediterrâneo há dois mil anos. Contudo, foi precisamente ali, num quintal comum de bairro, que um casal americano encontrou o insólito: uma lápide romana autêntica, talhada em mármore e dedicada a um marinheiro chamado Sextus Congenius Verus.

A pedra, gravada em latim clássico, conserva-se surpreendentemente bem. O epitáfio revela a vida de um homem do mar, talvez um daqueles navegadores que cruzavam o império ao serviço do comércio ou da guerra. Os arqueólogos que examinaram o achado acreditam que a peça, com quase dois mil anos, terá sido levada para os Estados Unidos durante ou após a Segunda Guerra Mundial, possivelmente como lembrança ou espólio transportado por um soldado americano destacado na Europa.

O acaso transformou-se em revelação histórica. Ao escavar o jardim para plantar árvores, os proprietários depararam-se com o mármore antigo e, sem imaginar a sua importância, chamaram as autoridades locais. A peça foi rapidamente confirmada como romana e transportada para o Museu de Nova Orleães, onde será estudada e exibida ao público.

Há algo de poético neste episódio: uma relíquia do mundo antigo a repousar, em silêncio, sob a terra húmida da Louisiana. Como se o tempo, com a sua ironia paciente, tivesse querido lembrar que nenhuma civilização desaparece por completo. Roma continua a erguer-se, discretamente, até nos lugares onde menos se espera — no fundo de um jardim americano, entre raízes e memórias que o acaso decidiu unir.

 
 
 

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