Colecção de linhos e tecidos da Escola Francisco de Holanda - Guimarães
- correio_da_historia

- 20 de out. de 2021
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Groningen, Bruges, Lokeren, Rússia. As etiquetas afiançam a origem de cada uma destas ramas de linho.
Durante décadas, dezenas e dezenas de pedaços como este estiveram guardados em enormes malas, nas arrecadações da Escola Secundária Francisco de Holanda até que, em 2005, foram colocados na moldura que agora lhes serve de suporte, no núcleo museológico daquele estabelecimento de ensino. Cada um dos pedaços desta matéria prima está num estado diferente do seu processo de preparação para a criação de tecidos (assedado, ripado, curtido, penteado, etc...) Serviam de exemplo daquilo que se fazia nos principais centros de produção europeus e que Guimarães aspirava seguir no final do século XIX. O extraordinário ano de 1884, em particular a Exposição Industrial que a cidade organizou, pretendia ser o empurrão definitivo para a entrada na senda do progresso, como então se dizia. No final desse ano, foi autorizada a criação da escola Industrial da cidade, que está na origem do que hoje é a secundária Francisco de Holanda. Nos anos seguintes, entre 1887 e 1889, a escola foi equipada com tudo de bom e melhor havia. Foi comprada uma máquina a vapor e outros equipamentos para criar uma unidade de produção Têxtil, mas também para a produção de cutelarias, duas indústrias com história na cidade. Foram tambem equipados laboratórios de física e química e compradas colecções (dizia se na altura, as primeiras do país deste tipo) com amostras de matéria prima como estes pedaços de linho, uma colecção tecnológica de linhos e cutelaria da Bélgica, compreendendo linhos "lisos e adamascados, desde os melhores e mais bem acabados até aos mais ordinários e de preço baixo", lia se então no jornal Religião e Pátria (1888).
Também se conservam na escola alguns destes catálogos, vindos de Malines e Bruxelas, bem como outros exemplares ingleses. Tal como as ramas de linho em exposição, além de serem exemplares muito bonitos, são também uma memória desse tempo em que a cidade almejava aproximar se dos princípais centro de produção industrial da Europa.
É certo que não muitos anos passados, Portugal declarou bancarrota (1891) e passou por um período de grandes dificuldades económicas e grande instabilidade política. Toda a infraestrutura então adquirida para a escola industrial de Guimarães praticamente não chegou a ser usada pelos alunos. E a Escola industrial que de facto viria a funcionar na cidade, durante o século XX, foi muito diferente do que o ambicioso projecto que antes se tinha desenhado. Talvez a cidade pudesse ter sido diferente se este projecto inicial e ambicioso tivesse resultado.

Fonte; Top Secret Guimarães





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