A cannabis e o canhamo utilizados pelos Vikings para fazer as velas dos barcos e com fins medicinais
- correio_da_historia

- 16 de jul. de 2021
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Não há dúvida quanto à popularidade das histórias dos bravos habitantes originais da Península Escandinávia: os vikings, temidos guerreiros e excelentes navegadores que invadiram, pilharam e colonizaram quase toda a Europa, estabelecendo raízes e incorporaram traços da sua cultura no que hoje chamamos de Irlanda, Inglaterra, França e outros países. No entanto, o lado do quotidiano viking que poucas pessoas conhecem o que eles faziam quando não estavam invadir, a pilhar e a colonizar outros lugares? Acontece que, em tempos de paz, os vikings eram também agricultores, pastores, artesãos, enfim, conduziam as mesmas atividades que todos os outros povos que viveram naquela época. Esta realidade é amplamente corroborada por achados arqueológicos que incluem ferramentas, estruturas e até mesmo restos de vegetais. Dentre estes achados, alguns chamam atenção: um estudo conduzido pelo Museu Nacional da Dinamarca1, por exemplo, através de um exame no solo de um sítio arqueológico, confirmou que desde o século VII o plantio de cânhamo era comum entre os povos vikings que habitavam a região.
Cannabis e os vikings… como foi a descoberta ?
A cannabis aparece na história pela primeira vez há mais de 8.000 anos2, num povoado onde hoje se situa Taiwan. As suas primeiras referências históricas deram se por volta de 3727 A.C., e estão presentes no primeiro livro de medicina do mundo, o Shen Nung’s Pen Tsao, pertencente aos ancestrais da China. Uma pesquisa realizada no sítio arqueológico de Sosteli, na Noruega, também revelou que o cultivo de cannabis aconteceu na região entre os anos 650 e 800, e que, entre os muitos usos possíveis, incluía-se provavelmente a utilização da fibra de cânhamo para a fabricação de roupas, cordas, velas de barco e outros insumos têxteis.

Apesar de esta não ter sido a primeira vez em que foram encontrados vestígios deste cultivo neste contexto, os achados de Sosteli destacaram se. “Nos outros casos, só foram encontrados grãos de pólen isolados. Aqui, descobriu-se muito mais”, disse o arqueólogo e conservador municipal Frans-Arne Stylegar, o que dá a entender que não se tratava de algo pontual e sim de um cultivo permanente. Curiosamente, o sítio arqueológico de Sosteli é menos central que outros locais onde ocorreram achados semelhantes, o que traz indícios de que o cultivo de cannabis era consideravelmente comum ao longo do território Viking, que hoje abrange regiões da Suécia, Dinamarca e Noruega.
Cânhamo e sua utilização pelos vikings
As descobertas como a de Sosteli não são as primeiras que situam o cânhamo como elemento constituinte da cultura viking. No navio fúnebre Oseberg, por exemplo, foi encontrada uma pequena bolsa de couro cheia de sementes de cannabis pertencentes a uma anciã com idade entre 70 e 80 anos . Ao que tudo indica, a anciã era uma Völva, algo como uma vidente para os povos nórdicos, e o seu esqueleto revelava sinais de diversos problemas de saúde, tendo sido o câncer provavelmente responsável a razão da sua morte – e não é improvável que as sementes tenham sido utilizadas como analgésico. Achados como os citados acima vêm tornando a utilização da cannabis e dos seus derivados pelos povos antigos cada vez mais conhecida. Através de estudos e , vamos trilhando o caminho da utilização desta planta e descobrindo um pouco mais sobre seu papel na história da humanidade.
Referências
Science Nordic. Norwegian Vikings grew hemp. Disponível em: http://sciencenordic.com/norwegian-vikings-grew-hemp. Acesso em 01/2019.
Planta Livre. História da Cannabis. Disponível em: http://www.plantalivre.com/historia-da-cannabis/. Acesso em 01/2019.





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