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A actualidade sobre os lares que os políticos desconhecem - Opinião - Paulo Freitas do Amaral


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Hoje foi anunciado e bem, a vacinação dos nossos idosos com a terceira dosagem contra o COVID-19. Assim sendo, infelizmente já sem o nosso Almirante Gouveia e Melo, a guerra ao vírus continuará, esperemos nós, a um bom ritmo.

Chegados a um ponto em que o nosso Sistema Nacional de Saúde deixou de ser uma preocupação quanto à sua capacidade e resposta, é agora altura, ao final de mais de um ano e meio de pandemia, de olhar com “olhos de ver” a realidade nos lares portugueses e verificar que a situação atual dos idosos é completamente diferente daquela que existia antes da pandemia e é importante, tanto aos políticos, como a todos os portugueses, estarem a par das consequências e mazelas que a pandemia provocou junto dos utentes;

As medidas de prevenção aos idosos dentro dos lares fez com que os mesmos perdessem faculdades de mobilidade física efetiva. Já não falo na perda cognitiva que os idosos sofreram, mas falo sim dos efeitos que são derivados de se sediarem dentro dos quartos e dos lares ao final de muito tempo. A tomada de refeições dentro dos quartos, a perda dos seus regulares passeios fora das instalações, etc… foram causadores não só de um estado de espírito depressivo como também foram responsáveis pela perda de faculdades motoras derivadas da perda muscular, da falta de exercício, etc…

Lares onde a maioria dos idosos saiam de uma forma autónoma, são hoje uma miragem daquilo que já foram e passaram a ter uma minoria de idosos que realmente têm autonomia para sair de um lar de forma independente.

Quem conhece a realidade dos lares, antes e depois da pandemia, sabe da diferença que falo entre o passado e o presente.

Esta realidade é desconhecida da maior parte dos portugueses porque os lares ainda não estão de “ portas escancaradas” mas o dever que a comunidade tem perante os mais velhos e principalmente os nossos responsáveis políticos têm sobre esta população, deverá ser agora a de se preocuparem em proporcionar formas de desenvolvimento cognitivo e físico aos idosos…A preocupação pelas áreas da fisioterapia, animação sociocultural e terapia ocupacional dentro dos lares, terá que ser apoiada pelo Estado, para podermos ter novamente os nossos idosos com os mínimos de saúde desejável e não nos deixarmos acomodar com a prisão em que muitos vivem atualmente dentro de uma cama, devido a esta terrível pandemia.

As Instituições que acolhem os idosos, tiveram ao longo desta pandemia, gastos incalculáveis com equipamentos; obras para separação de utentes, obras para criação de “alas covid”, contratação adicional de pessoal…etc..etc…e muitas delas sem qualquer apoio do Estado ao mesmo tempo que deixaram de ter receitas próprias em áreas da saúde paralelas ao COVID….

Está agora pois, na altura de poder voltar a apostar nas pessoas por parte do Estado, como muitos gostam de apregoar e olhar para os mais frágeis da sociedade que também são os nossos idosos. Como diz a velha máxima; mede-se o nível civilizacional de uma comunidade conforme essa mesma comunidade trata os seus mais vulneráveis.

Veremos então como iremos tratar os nossos.


Paulo Freitas do Amaral

Secretário da Administração da Misericórdia de Guimarães

 
 
 

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