Vila medieval da Toscana oferece 20 mil euros quem decidir ir viver para lá

Radicondoli, uma pequena vila medieval perdida nas colinas da Toscana, ganhou fama internacional ao anunciar que está disposta a pagar até 20 mil euros a quem aceite mudar-se para lá. Não se trata de uma jogada turística exagerada, mas de uma estratégia séria para travar o despovoamento que ameaça muitas localidades rurais de Itália. A vila, situada a menos de uma hora de Florença e a cerca de quarenta minutos de Siena, já teve perto de três mil habitantes, mas hoje não chega aos mil. As ruas de pedra, os telhados de terracota e o ritmo tranquilo fazem dela um cenário idílico — mas faltam pessoas, comércio e vida quotidiana.

O programa criado pela autarquia apoia tanto quem deseje comprar casa como quem prefira arrendar. No caso da compra, os novos residentes podem receber até 20 mil euros para ajudar na aquisição do imóvel, um incentivo direto que procura revitalizar o mercado habitacional local. Existem ainda apoios para despesas iniciais de instalação, como aquecimento, transporte e outros gastos domésticos. Para quem optar pelo arrendamento, o município compromete-se a pagar metade da renda durante os primeiros dois anos, desde que a mudança ocorra até ao início de 2026. Em troca, exige-se um compromisso de residência: normalmente dez anos para compradores e quatro anos para inquilinos.

As casas disponíveis variam entre pequenos apartamentos no centro histórico e propriedades rurais mais amplas nas colinas envolventes. É possível encontrar imóveis por valores a partir dos 50 mil euros, o que significa que o apoio municipal pode reduzir de forma significativa o custo total. Radicondoli conta cerca de 450 casas, das quais aproximadamente uma centena está vazia ou disponível.

A vida na vila oferece exatamente aquilo que muitos procuram num refúgio mediterrânico: gastronomia rica, tradições vivas, uma paisagem marcada por vinhas e olivais e uma comunidade que, embora pequena, mantém o espírito das antigas localidades italianas. As festas, os mercados e a vida cultural local conservam um charme próprio, longe do turismo massificado das grandes cidades.

Com este programa, Radicondoli pretende atrair famílias, profissionais e jovens que possam dar nova vitalidade à vila, repovoar as escolas, dinamizar os negócios e impedir que uma comunidade com séculos de história se vá apagando. Num país onde muitas aldeias e vilas enfrentam um progressivo declínio populacional, iniciativas deste tipo tornaram-se essenciais para garantir o futuro de territórios com enorme valor patrimonial.

Para quem sempre sonhou viver na Toscana, mas julgava a ideia distante, Radicondoli apresenta-se como uma oportunidade rara: um equilíbrio quase perfeito entre beleza natural, qualidade de vida e apoio financeiro. Se quiser, posso também preparar um guia prático sobre como se candidatar ao programa.

Paulo Freitas do Amaral

Professor, Historiador e Autor